Julia Murça – Empreendedorismo, Alimentação e Saúde

5 Erros que você não precisa cometer no seu negócio

Existe um ditado que eu gosto muito que diz assim:

“O homem inteligente aprende com os próprios erros, mas o homem sábio aprende com os erros alheios.”

Acho isso tão sábio! Sendo assim, vou compartilhar com você os meus cinco grandes erros, ou quedas, que me fizeram aprender a cair, sacudir a poeira e dar a volta por cima.

Quem sabe pode ser útil para você.

 

1. Dar um passo maior que a perna.

Meu primeiro grande aprendizado foi: quando estamos começando a empreender, precisamos ter cautela com os gastos. Podemos e devemos fazer o investimento que o negócio exige desde que haja dinheiro em caixa como capital de giro.

Quando você gasta todo o seu capital inicial e fica sem dinheiro para comprar ingredientes e contratar alguns serviços que farão toda a diferença no seu negócio, você, muitas vezes, trabalha demais e luta por preço no mercado, já que tem que vender de qualquer forma.

Quando eu voltei da Austrália, resolvi que não queria mais trabalhar em qualquer cozinha e também que não teria mais chefe. Tinha um pouco de dinheiro guardado, então optei por montar a minha primeira empresa.

Fiz tudo como manda o figurino. Abri a empresa para ter CNPJ. Aluguei uma cozinha grande e, por não querer fiador, paguei três meses de aluguel adiantado. Comprei uma máquina a vácuo caríssima, contratei serviço de designer e chamei uma pessoa para me ajudar. Fiz a arte da minha marca e imprimi milhares de fôlderes e etiquetas.

A Puro Alimentos foi sucesso no primeiro mês! Aonde eu levava meus produtos, refeições, salgados e bolos sem glúten e sem lactose eu vendia. E vendia bem. Mas eu tinha tantos gastos passados acumulados, aluguel caro, salário e parcelas de equipamentos que não sobrava nada na minha mão e ainda tinha que tirar um pouco da reserva uma vez ou outra.

Se eu fosse começar hoje, faria tudo diferente. Teria alugado uma pequena cozinha (⅓ da que aluguei), começaria apenas com o equipamento básico necessário (de jeito nenhum, uma máquina a vácuo) e sozinha.

Teria, sim, investido no trabalho do designer para a marca, fôlder e etiquetas, pois isso dá um ar profissional ao negócio que acabou de nascer. E teria feito um Instagram para mim e divulgado meus produtos lá. Na época, ainda não tinha Instagram, mas tinha Facebook, e eu trabalhei muito pouco essa mídia. De fato, marketing é uma das chaves para o sucesso de um negócio.

Lição apreendida. Com um ano de operação, decidi entregar a cozinha, vender a máquina a vácuo e procurar um lugar mais acessível. Estava ganhando bem, mas gastando bem também.

No começo do negócio, todo o dinheiro que entra deve ser para investir na empresa, criar um caixa para ter fôlego pelo menos por três meses, se possível um ano. Depois que a empresa tiver um ano de operação paga, você pode começar a desfrutar e fazer o mesmo por você, ou seja, ter uma reserva que te deixe em paz.

 

2. Falta de autoconfiança e medo de pedir ajuda.

Como eu disse acima, teria começado sozinha. Mas, no momento em que eu não conseguisse mais atender aos pedidos sozinha ou não estivesse achando tempo para cuidar da estratégia de crescimento da empresa, seria a hora de pedir ajuda. Outro ponto é não tentar fazer coisas que você não sabe fazer.

Aqui são duas lições. Primeira: chamar alguém que possa te ajudar na operação. Segunda: não tentar fazer todos os serviços, ou seja, entrega, compras, financeiro, contador etc.

Eu não conseguia… na verdade, não sabia como cuidar do financeiro e nem da parte contábil da minha primeira empresa e, em razão disso, deixei essa parte de lado. Aprendi a duras penas, pois tive que chamar alguém para resolver, além do presente, o passado, o que deixou o serviço mais caro e eu estressada.

Cuide da sua arte, do seu produto, da entrega, da experiência e da satisfação com seu cliente. E peça ajuda para cuidar das coisas que você não sabe ou não pode fazer. Isso fará toda a diferença na sua jornada. Ninguém cresce sozinho.

 

3. Descuidar da saúde.

É impressionante como as pessoas adoecem quando começam a empreender. A primeira desculpa preferida de todas elas se torna realidade: falta de tempo! Eu sei porque usei essa desculpa com muita propriedade quando comecei a empreender e parei de cuidar da minha alimentação e de me exercitar também. Em pouco tempo, estava sem energia e sem vontade de seguir em frente. Sem saúde, perdemos nossa força de vontade e tudo demanda mais esforço.

Como em tudo na vida, você tem que definir prioridades para vencer a batalha. O estresse que envolve o ato de empreender pode comprometer a sua saúde e, para isso, você precisa aprender a gerenciar o estresse. Atividade física, alimentos limpos e meditação são um bom caminho.

Para vencer a batalha de empreender, você deve ter você como prioridade, ou seja, tudo o que te faz bem, te deixa mais forte e mais feliz deve ser priorizado. Quanto mais feliz e forte você está, mais produtivo se torna e, assim, consegue trabalhar menos horas do seu dia e ser mais produtivo ao mesmo tempo!

Faça o que você precisar fazer para se tornar e se manter saudável! Isso terá impacto direto no sucesso do seu empreendimento.

 

4. Ouvir opiniões alheias e ignorar a intuição.

Quando começamos a empreender, ainda estamos inseguros e não conhecemos bem a nossa capacidade empresarial. Daí, acontece muito de pedirmos conselhos para as pessoas mais chegadas da família e amigos, que, na verdade, muitas vezes, sabem menos que a gente, mas adoram dar um palpite.

Evite comentar sobre o seu projeto com quem é sempre pessimista, aquela pessoa que, quando você conta algo, sempre te alerta sobre tudo que pode dar errado e te apresenta as mil e uma razões para que você desista, pois é tudo muito difícil.

Evite também escutar os otimistas de plantão, que acham que tudo vai dar certo e você não precisa se preocupar. Também não é assim.

Quando for empreender, é muito importante perguntar a opinião de quem sabe do que está falando, ou seja, converse com empreendedores de todos os ramos, buscando as leis gerais do empreendedorismo, e procure também os empreendedores de sucesso no seu nicho. Essa consulta não precisa ser ao vivo, pode ser pela internet, em livros e eventos.

E lembre-se de que o maior consultor de todos os tempos está dentro de você, dentro do seu coração. Seu coração – ou, de outro prisma, sua intuição – sabe o que é melhor para você e está pronto para lhe dizer exatamente o que fazer, quando fazer.

Aprender a escutar a nossa intuição é uma arte fina de silenciar a mente e se conectar com a inteligência infinita que habita em cada um de nós e em toda a natureza. Assunto que demanda atenção para não se enganar ouvindo a mente achando que está ouvindo o coração. Fica a dica de um livro sobre o assunto: “Blink – A decisão num piscar de olhos”, de Malcolm Gladwell.

 

5. Planejar muito e executar pouco.

Quando comecei meu primeiro negócio, foi na marra. Não planejei nada, simplesmente fiz. Aprendi muito com isso. Duas lições principais:

  1. O que ganha o jogo é de fato a execução
  2. Porém, com planejamento, tudo fica mais fácil!

Meu segundo empreendimento também foi na marra! Mais uma vez, vi e paguei pelos erros da falta de planejamento.

No meu terceiro e muito bem-sucedido negócio, finalmente consegui unir planejamento e ação na medida certa, alavancando meu negócio.

Sendo assim, sente-se e faça um planejamento básico do seu negócio respondendo às seguintes perguntas:

  1. O que eu quero vender?
  2. O que eu preciso fazer para dar certo?
  3. Como posso fazer isso dar certo?
  4. O que eu preciso evitar para que dê certo?
  5. Onde estão meus clientes?
  6. Como chego nos meus clientes?
  7. De quanto eu preciso para começar?
  8. De quanto eu preciso mensalmente para prosperar?

São perguntas assim que vão te ajudar a planejar o trajeto pelo qual você deseja seguir. Funciona como um mapa. Mas nenhum plano resiste ao campo de batalha, por isso esteja aberto e flexível para perceber quando uma estratégia, antes considerada boa, pode ter se transformando em uma má escolha, o que significa que você deve começar novamente.

 

Concluindo…

Na grande maioria das vezes, por trás de todo sucesso duradouro, existe trabalho árduo, suor no rosto e várias quedas no caminho. Empreender é igual surfar. Para você surfar de verdade, tem que aprender a gostar de tomar caldo. Caldo: “bater de frente com uma onda no mar”, na linguagem dos surfistas.

Isso mesmo. Você tem que agradecer a cada caldo com alegria, pois ele te ensina a como não cair, a como cair e não se machucar, a rir de si mesmo como criança.

Quando você entra no mar, na disposição, remando para dentro, tenta pegar a onda que acha que vai dar certo e… caldo! Mais uma vez, vira a prancha, se apruma e começa a remar novamente e… onda na cabeça… que te tira da prancha. Pega a prancha de novo, se arruma, rema e… mais um caldo.

Até que, na próxima tentativa, quando os braços já estão ficando cansados da remada, você pega uma onda. E aquela sensação maravilhosa de integração com a natureza e única de poder andar sob a onda te inunda e preenche. Você ganha força para remar novamente, e de novo, e de novo.

No empreendedorismo, toda queda significa uma possibilidade de aprendizado, de evolução, de diferenciação da multidão no mar vermelho da concorrência.

Cada esfolada te dá a oportunidade de pensar no que você poderia ter feito diferente para evitar aquela queda e como você pode fazer melhor da próxima vez.

Isso é crescer!