Julia Murça – Empreendedorismo, Alimentação e Saúde

Como construir uma relação saudável com a alimentação

Já parou para pensar na sua relação com o alimento?

Por muito tempo, a alimentação foi para mim uma fuga, a busca por um conforto que eu não encontrava em outro lugar.

Passei por um processo profundo de descobertas e autoconhecimento e quero compartilhar com você uma reflexão sobre isso.

Vem comigo?

 

Desconstruindo o conceito da dieta.

Eu já experimentei todas as dietas possíveis e, por experiência, posso afirmar que não existe uma que funcione para todo mundo de forma igual. Você é unico, a melhor dieta do mundo é a sua!

Dieta saudável não tem data de validade, ela representa um estilo de vida. Você desenha o seu dia, seu cardápio e sua rotina de acordo com muitas influências visíveis e invisíveis – familiares e coletivas. Por isso é bom dedicar um pouco de atenção ao seu comportamento em relação à comida antes de fazer ajustes na alimentação em si.

Uma vez fiz um experimento em mim mesma. Adoro experienciar o que eu estudo em mim. Tive um problema de saúde pontual. Procurei um médico praticante da medicina ancestral indiana ayurveda, uma acupunturista especializada na área, um nutrólogo e um cardiologista. Em todas as orientações, existiram controvérsias.

Um me recomendou apenas comida cozida, o outro me indicou muitas folhas verdes cruas, suco verde, brotos etc. Um me disse para tomar muita muita água de manhã, o outro falou para tomar pouca. Um afirmou que era excesso de ferro, o outro colocou o problema na falta de ferro.

 

O autoconhecimento é a chave.

Essa experiência me mostrou que o caminho realmente é procurar se conhecer. Conhecer mesmo: seu corpo, sua mente, seus padrões, seus medos. Enfim, clarear suas batalhas internas.

Parte de se conhecer é conhecer o que te alimenta. Tanto mental e fisicamente, quanto emocional e espiritualmente. O que te alimenta?

Faça um menu de nutrição e coloque tudo aquilo que te alimenta que não seja de comer…

Compartilho aqui um pedaço da minha lista com você:

Por que fazer essa lista? Para ajudar você a perceber as tantas outras formas de nutrição que acabam passando despercebidas, o que geralmente sobrecarrega a nossa relação com a comida.

Então, além de procurar suprir a fome física do corpo, existe a busca por um conforto emocional que resvala geralmente no açúcar e no pão. Por isso nosso apego emocional.

Mas precisamos ter calma e olhar para isso o quanto antes.

 

Qual é a sua relação com a comida?

A minha foi “distração” e “busca por conforto” por muito tempo. Mas já tive fases na “neutralidade” também. Desenvolvi alergia grave ao glúten, que culminou numa doença autoimune com suspeita de câncer. 13 kg acima do peso. Em estado de exaustão quase todo o tempo, decidi entender por que aquilo estava acontecendo. O que tinha mudado? Três anos antes, nada do que estava passando existia. Todos aqueles sintomas apareceram por alguma razão. Qual teria sido o gatilho?

Pelas mãos de um anjo amigo recebi um livro sobre desintoxicação que mudou a minha vida. E comecei uma nova jornada, a Nutrição começou a ser a minha relação com o alimento na maior parte do tempo. E, mesmo quando me distraio com ela, procuro pecar com técnica.

 

A busca pela verdade.

Daquele momento em diante, comecei a pensar no que estava comendo. Continuei consumindo alimentos destrutivos, mas prestando atenção no efeito de cada um no meu corpo e, depois de algum tempo, no efeito emocional que causavam.

Notei que havia um diálogo fino entre o alimento e o meu corpo. E que, dependendo do que eu comia, me sentia mais leve, minha mente ficava mais tranquila e eu mais feliz!

Iniciei uma longa busca atrás da verdade.

E descobri que a grande maioria das doenças degenerativas que fazem sofrer e matam tantas pessoas está relacionada à alimentação e aos hábitos de vida. Constatei também que, infelizmente, o mundo hoje come nas mãos da indústria alimentícia e sua prima farmacêutica, o que nos adoece. Elas nos mantêm subjugados, pois tiram nosso vigor para a vida!

Comida industrial não é comida, é produto industrial. Descobri ainda que o marketing industrial poderoso tenta dar nó em pingo d’água para te vender algo que não tem nenhuma utilidade para seu corpo. Que, além de não fazer bem, faz mal. E ainda te adoece.

Mas o lucro está garantido, pois o produto que vende, ainda por cima, vicia. Engenheiros industriais estudam quais substâncias causam dependência química e as adicionam nos produtos para “potencializar o sabor”, dizem eles.

E, por outro lado, sua parceira de negócios – a indústria farmacêutica – tem a solução para todos os sintomas que a alimentação industrial causa, mas nunca cura. Uma linda carteira de clientes fiéis para ambas as gigantes.

 

Produtos que inflamam nosso corpo.

Bom, quando existe excesso de açúcar, farinhas refinadas ou produtos industrializados de forma geral, levamos o corpo a um processo inflamatório. Esse estado inflamado é o primeiro alerta para doenças crônicas degenerativas, como a obesidade, diabetes, cardiopatias e demências.

Inflamação é uma resposta imunológica a uma agressão sofrida pelo nosso corpo.

Algum nível de inflamação corporal é essencial, pois é um componente-chave da resposta do sistema imunológico a ferimentos ou invasores, explica David Katz, MD, autor de “Disease-Proof: The Remarkable Truth About What Makes Us”:

“O sistema imunológico envia glóbulos brancos e outros mensageiros químicos para proteger o corpo contra ameaças, como patógenos. Inflamação refere-se ao fogo amigo ou dano colateral que ocorre durante este processo.”

A diferença entre a inflamação que protege seu corpo e a “inflamação disfuncional”, ou seja, que não cessa e, por isso, causa doenças, é que os glóbulos brancos e outros compostos não param de agir depois que a ameaça passa.

O sistema imunológico permanece sobrecarregado e acaba machucando o próprio corpo. Rompe o revestimento das células do sangue, danifica os tecidos saudáveis ​​e prepara o terreno para condições médicas crônicas.

Isso quer dizer que é melhor para você ter como base da alimentação alimentos não inflamatórios, como vegetais, alguns grãos, raízes, sementes, leguminosas, frutas, castanhas, abacate, ervas etc., e refinados em geral para exceções.

O que é exceção para mim pode ser diferente para você. Para mim, exceção é uma vez por semana, em uma refeição, e não o dia todo.

Isso quer dizer que, na grande maioria do tempo, você precisa encarar o alimento como uma fonte de nutrientes. Essa deve ser a base de uma alimentação saudável. Alimentos que entregam vitaminas e nutrientes, ou seja, nutrição.

Leia mais sobre este assunto em “Aprenda a desinflamar seu corpo”.

 

A busca pelo equilíbrio.

Em alguns momentos, você pode e deve se permitir comer algo que tenha pouco ou nenhum valor nutricional simplesmente para ter prazer, porque prazer também nutre a gente. Mas isso deve ser a exceção. Essa é a chave.

É o que eu chamo de pecar com técnica. Ou seja, você sabe que está consumindo um alimento que não faz bem, mas come de forma consciente e pontualmente. Quem manda na relação é você.

Pecar com técnica é bem simples:

Você deve escolher sua dieta com base em preferências pessoais, objetivos de saúde e sustentabilidade. E, para isso, é preciso estudar um pouco.

 

Concluindo…

Preste atenção ao que você põe para dentro. Leia os rótulos de produtos que estão na dispensa da sua casa. Reconhece o que tem em cada um deles? Sabe o que aqueles ingredientes fazem no corpo? São ingredientes naturais ou químicos? São químicos? Qual a função deles? Te causam mal? São tóxicos?

Quando for comer carne, por exemplo, pense em como aquele bife chegou até o seu prato. Em como funciona o sistema agropecuário do País. Quando degustar um salmão, pergunte-se: de onde veio esse peixe? A água era limpa ou lotada de metais pesados que afetam meu cérebro?

O caminho para a transformação de hábitos alimentares – e quiçá de vida – é um mergulho nas profundezas do ser em busca da joia rara que há dentro de você. E esse mergulho, para mim, começa na purificação do corpo pela alimentação.

Como toda longa jornada começa no primeiro passo, o primeiro passo que você pode dar hoje é se perguntar olhando para o espelho: “Eu tenho fome de quê?”